segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Carnaval, desengano...





Só um pouquinho de Momo, já que ele é o olímpico do carnaval

Tem mitólogo que diz que ele é masculino, o deus da gozação,
da crítica irônica, do sarcasmo, do prank,
do trocadilho, da piada..

Momo é mostrado arrancando a máscara da face
e levando um bastão que denota o símbolo da loucura:
o castão é a cabeça de um boneco  circundado por guizos

É amigo de Como, o deus da alegria, das danças noturnas,
aquele que preside os banquetes, os festins, a libertinagem...

(Quem sabe é o dono do lago, tendo sido homenageado ao piano,
pelas raparigas em flor, até os idos de 1960.)

O deus Como é representado jovem
com a fronte circundada por uma guirlanda de rosas,
faces brilhantes pelo vinho,
carregando na mão direita um facho enquanto
a esquerda ampara sua bebedeira numa estátua.   

Como se pode perceber,
ambos os deuses foram misturados de tal forma,
que quando pensamos em Momo
os atributos de Como nos assomam à memória.

Etmológicamente, o verbo "moskathai" significa
ridicularizar, zombar, troçar.
Momo configura aquele que caçoa.

Na Teogonia, Hesíodo diz que Momo
é filha de Nix
e irmã das Hespérides,
aquelas que guardam os pomos de ouro.
É a deusa da pilheria, do chiste,
espirituosa, engraçada, palhaça...

É legal pensar também, que
as Hespérides tem a ver com
ocaso, fim de tarde, poente, anoitecer.
Nix, a  noite, é a mãe delas todas.

Penso que o dia foi feito para os assuntos graves, sérios, solenes.
É do por do sol em diante que brincar, caçoar, rir, divertir-se é permitido.

Pois é, a deusa Momo, do Hesíodo, dá um palpite feliz pro Zeus.

Houve um momento em que a Terra estava superpovoada.
Zeus dá tratos à bola pra diminuir a densidade demográfica,

porque a população crescia em progressão geométrica
enquanto os recursos da Gaia, a Terra,
cresciam em progressão aritmética.
(Um lance que um tal de Malthus vai prever milênios depois.)
A terra estava se esgotando

Zeus pensa em dizimar os seres excedentes
com cataclismas diversos mas não se anima,
porque,  um ato divino dessa monta,
não seria bem visto pelos seus devotos.

Ele não queria se expor ao desprezo dos humanos
mas também não inventa o DIU, a camisinha,
a pílula, nem mesmo a tabelinha ou os espermatozoides lerdos.

Exatamente como fazem os governantes hoje em dia,
é melhor botar a culpa dos desmandos, injustiças
e medidas desconfortáveis;
nas costas dos mortais comuns.

A deusa Momo sugere que Zeus engedre Helena
para suscitar a guerra entre Ásia e Europa,
provocando a guerra de Troia,

que durante dez anos, deu cabo de boa porção dos viventes,
do mundo conhecido à época.

Tal como hoje, as razões das guerras nunca são as declaradas.
O buraco é sempre mais em baixo.

                                   Foi assim..         Tenham todos um momesco carnaval.           Até já!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Qualquer maneira de amor

Os ginásios eram as academias gregas
Era ali que acontecia a malhação.

Treinar todas as modalidades esportivas em voga naquele tempo,
exigia, tal como hoje em dia,
constância, um bom personal treiner,
a porção blanceada de mel, azeitona, queijo feta e nozes
e  Nike aos pés
(os tenis não:  a deusa!
que oferece ao ginasta suas bençãos
e lhe garante vitória).

Não havia esteiras
que são aliás o maior paradigma do mundo moderno:
alguém que caminha sem destino, até a exaustão,
por uma estradinha curta sem paisagem,
para chegar a lugar nenhum.

Pois é, como acontece hoje, alí ocorriam enamoramentos.

Os mocinhos,
que mal apresentavam uma penugem leve
sobre as partes pudendas, nas faces e no buço,
eram avaliados pelos cidadãos,

enquanto se exercitavam nús, sobre a areia,
deixando nela a marca dos seus belos corpos
e levando neles  suave camada de
areia sobre o suor e unguentos.

O cidadão grego, o amante, inclinava-se para o jovensinho,
que se tornava seu ascecla, era o amado.

Embora algum mistério se propusesse enlaçando os envolvidos,
era segredo de polichinelo e os pais do ascecla deviam aprovar a parceria.

Em Esparta, os casais se eclipsavam dos olhares intrusos
por cerca de dois meses e voltavam, como se nada houvesse,
ao findar esse prazo..

À boca pequena na  ágora:
"Você viu por quem se inclinou o Cidadão Fulano?" -perguntava um
"Ah mas o rapaz é, mesmo, muito interessante!" -respondia o outro,

O grave era quando o ascecla e o cidadão
queriam prolongar o tempo regulamentar...
A paixão não devia fazer parte desse arranjo.

Para os gregos o pathos (a paixão) era uma forma de doença

O amado, era aquele que não experimenta qualquer reação,
nem física nem emocional.
Durante os conluios,
o amante, inclinava-se, era quem exercia a soberania,
quem exprimia entusiasmo( pleno de deus).

Assim que a penugem começava a se tornar hirsuta
o amado se convertia em amante,
era a vez dele percorrer os ginásios em busca
do ascecla que o tornaria entusiasmado.

Moral e moda tem a mesma raiz etmológica.

                                                          foi assim!     até já...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

13013

Olha aí um cabalístico de novo, gente!
Topei com ele quando abri o computador hoje. Foi o número de visitas.
Obrigada a quem leu e a quem foi gentil pra voltar depois deste longo afastamento.
Sò pra constar, o pintor da casa que me obrigou a silenciar por tanto tempo,
disse que volta hoje pra completar o serviço.

                                                                  até já!

Dionisos de novo

Claro que ele é o meu preferido,  embora haja um montão de deuses que sequer foram citados, eu volto ao Baccho, O Louro, tão belo, tão blasê, tão festeiro, sempre e sempre...

Então Dionisos se enamorou.
Foi a  descoberta de um amor absoluto e eterno.O primeiro amor.
Eram os dois jovens e alegres, fortes e plenos de sonhos e intenções...

Nas leituras que fazemos, parece-nos que Dionisos estava mais encantado, era mais apaixonado;
como ter certeza disso se ele costumava ser  por demais intenso em tudo o que lhe acometia?.

Pois bom:
Dionisos costumava jogar com os sátiros lá pelas bandas da Lídia.
(aqueles homens altos, de longas pernas de bode
e caras magras e compridas, de cavanhaque  pontudo sobre o queixo ídem,
que dominavam  as artes musicais,
e acompanhavam o séquito ruidoso de Dionisos,
compondo e tocando seus instrumentos )

Eles tem o tipo do Clark Gable " no vento levou" ou
o Errol Fline em todos os capespada, sá comé?.

Pois bom:
Entre eles havia um rapaz
cujo qual era observado por Dionisos atentamente.
O deus admirava seus longos cabelos esparramados sobre os ombros e peito,
o cor de rosa nacarado de sua pele, que tinha luz própria,

a força de seus membros a imobilizar os adversários nas lutas,
a gargalhada sonora, o olhar de descoberta, as mãos ágeis, o cheiro doce e acre.

Ampelo é desejado pelo deus que anseia que o rapaz
lutasse só com ele, jogasse só com ele,
fosse seu companheiro de folguedos e dos momentos graves.

E assim se fez.

Dionisos adorava quando nas lutas, eles se entrelaçavam,
e nas corridas eles se abalrroavam e rolavam na relva,
e adorava quando iam pro rio banhar-se

e o sol se filtrava nos cabelos do Ampelo
e se desdobrava em cores, sobre a pele do Ampelo nu.

Numa ocasião, um presságio divide Dionisos em duas reações antagônicas,
ele sofre desesperadamente e ri descontrolado:

Pois bom:
Numa fantasia,ele vê um dragão de chifres longos e agudos,
depositar numa pedra, um cabrito que trouxera inerte nos ombros.
Nessa pedra fica uma poças de sangue,
que o cabrito derrama quando,
o dragão lhe crava os chifres.

Devido a essa visão, o deus recomenda a Ampelo
que este poderia se acercar de qualquer animal que desejasse
menos dos touros com seus chifres

Ampelo não entendeu bem a advertência
e estando só, encontrou um touro entre as rochas,
acariciou seus chifres, amansando-o
e montou em sua garupa
mas uma mosca  põe-se a picar  a animalia, que corcoveia descontroladamente,

o moscardo fora enviado por Selene; lembra?,
a mãe do Dionisos, que está enciumadíssima

Vê que a fama das sogras se estabeleceu em tempos (e razões) ancestrais...

Pois bom:
Ampelo cai da montaria, rola pelo chão e é chifrado inúmeras vezes pelo touro, morrendo assim.
Dionisos não consegue lamentar o amado.
Não fora feito para prantear.
Não era afeito às lágrimas.

Um dos presentes ao velório, assistindo à sua dor, recomenda lhe um novo amor.
" Só isso fará acalmar seu coração"
Dionisos não consegue, nesse momento, olhar noutra direção.

O deus quer somente seu amado de volta.

Sabe que sendo um deus não poderá seguir o jovem ao Hades.
Um deus imortal...isso é o que ele é.

Ampelo é transformado em videira: a dor de Dionisos.
O pranto de Dionisos, as lágrimas de Dionisos,
são convertidas no fruto da videira, as uvas
têm a forma de pingos, de gotas, né não?

a frutinha que refaz a cor nacarada, rósea, do Ampelo.
e quando espremida com os dedos,
liberta sobre o braço divino o sumo acre adocicado.

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                                    Foi assim!            até já...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

O tempo perguntou pro tempo...

Estava bom demais aquele friosinho dos últimos dias... Já voltou esse calorão
i n s u p o r t á v e l.